sábado, 6 de dezembro de 2014
MP quer impedir que polícia leve crianças e adolescentes a delegacias apenas para averiguação O Ministério Público estadual do Rio entregou ao comando da Polícia Militar, na última terça-feira, recomendações para que crianças e adolescentes só sejam levados para delegacias caso sejam pegos em flagrante cometendo ato infracional, ou se houver mandado de busca e apreensão pendente contra eles. As Promotorias de Infância e Juventude querem evitar que os jovens sejam levados para sede policial apenas para averiguação, o que é proibido pela Constituição federal brasileira. De acordo com os promotores responsáveis pelo documento, a ocorrência dessas apreensões para averiguação torna-se ainda mais frequente com a chegada do Verão. - Tivemos uma série de notícias no sentido de que abusos vinham sendo cometidos. Queremos simplesmente o cumprimento da lei - afirma a promotora Eliane de Lima Pereira, da 1ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude da Capital. As recomendações do MP foram publicadas no boletim interno da Polícia Militar da última quarta-feira. A assessoria de imprensa da corporação informou que os PMs já buscam atuar da forma sugerida desde meados de novembro, quando foi feita a primeira reunião sobre o tema. Não foi informado, no entanto, se haverá algum tipo de punição para os policiais que não cumprirem o recomendado. Nas ruas, o assunto já divide opiniões. E até casais. - Eticamente, é errado pegar alguém na rua e levar pra delegacia só porque parece suspeito. Então, pensando por esse lado, está certo, sim, é mais justo - opina a estudante de Letras Elisa Santana, de 22 anos. - A mudança, de certa forma, é ruim, porque inibe uma ação mais preventiva do policial. A legislação poderia ser um pouco mais rígida com quem comete crimes - discorda o namorado de Elisa, Rodrigo Moreira, de 24 anos‘É um desserviço à população’ Na lista de recomendações do MP, os promotores pedem ainda que as crianças e adolescentes não sejam transportados em compartimentos fechados de veículos policiais, “em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à integridade física ou mental”. Para o deputado estadual Flavio Bolsonaro (PP), as recomendações do MP são um “desserviço” à população, e pode inibir os PMs de tentarem coibir crimes. - O MP está mais preocupado em dar mais direito aos suspeitos de serem criminosos do que em garantir boas condições de trabalho à polícia. O PM só pode ter certeza sobre um suspeito se levá-lo para a delegacia e levantar sua ficha - analisa ele. Já o desembargador Siro Darlan, que foi juiz da Infância e Juventude por 14 anos, define as apreensões para averiguação como arbitrárias e absurdas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário